A importância do relacionamento com os fornecedores para se construir uma cadeia integrada
A agenda de supply dos últimos anos tem dado muito foco na multicanalidade e na transformação digital e de serviço com foco máximo no cliente.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, um levantamento recente nos EUA mostrou que entre 2016 e 2017, os varejistas “on-line” mais que triplicaram sua capacidade de entrega no mesmo dia (“same day delivery”) chegando a 51% do total entregue. A ênfase no rápido abastecimento do consumidor e a customização de produtos e serviços tem feito o termo “demand chain” (cadeia da demanda) ganhar força em rotular a cadeia de abastecimento nos EUA, tendo seu uso inclusive substituindo o tradicional termo “supply chain”.
Até esta mudança de “rótulo” reforça o contexto de um consumidor cada vez mais bem atendido e direcionando tudo o que acontece na cadeia de abastecimento e na logística desde o momento que ele faz o pedido via celular ou computador.
Mas, e os fornecedores neste novo contexto?
Tem-se a percepção que os fornecedores (a verdadeira supply), por mais que as empresas os coloquem como parte integrada de suas cadeias, estão em grande parte se distanciando da relação seja com seus clientes diretos (indústria com varejo por exemplo), seja com seus clientes finais (consumidores).
Acreditamos que para responder ao novo contexto de complexidade da “demand chain”, é necessário aprimorar ainda mais a relação, as transações e o fluxo de informações entre varejo e indústria e entre indústria e fornecedores. A construção de uma cadeia integrada (uma “omnichain”) demanda inicialmente um direcionamento estratégico que também insere uma camada de centralidade nos fornecedores da cadeia. E a partir disso, uma série de transformações são necessárias, criando uma governança diferenciada da relação com fornecedores que vai desde um simples fluxo transacional (EDI de Pedidos por exemplo) até o compartilhamento mútuo de inovações (open innovation).
Muito difícil pensar em ter cliente e fornecedores com níveis próximos de importância dentro das empresas. Obviamente o conceito de SRM (Supplier Relationship Management) trouxe uma perspectiva análoga ao CRM (Customer Relationship Management), e elevou a importância da agenda colaborativa com os fornecedores buscando segmentá-los e integrá-los a muitos processos de negócios das empresas, desde a logística até o desenvolvimento de produtos.
Mas ainda é desproporcional o avanço das práticas e investimentos da gestão das empresas no âmbito dos fornecedores quando comparamos com o que é feito para os clientes. Vivemos uma realidade onde se todas as empresas fossem restaurantes, poucas poderiam colocar a plaquinha “visitem nossa cozinha”.
Por Eduardo Sanches – sócio da Diagma Brasil