Duas décadas de e-commerce e suas transformações nos Projetos de Supply Chain:

Quais impactos para as cidades? 

 

por: Rodrigo Zero

By diagma, outubro 20, 2018 Artigo Diagma

 

Neste quarto e último artigo, observamos como o e-commerce está modificando o tecido urbano. À medida que diminui o movimento nas lojas físicas tradicionais e aumenta a demanda por áreas de processamento de pedidos (os chamados fulfillment centers), as cidades não escaparão intactas.

 

O que esperar disso?

 

O e-commerce produzirá metrópoles desertas, onde as pessoas não saem mais de suas casas às compras? Ou reinventará a cidade, reciclando o espaço urbano para novos usos?

 

A loja física tradicional está saindo de moda. Por mais que os varejistas lutem para encaixá-la no contexto do e-commerce explorando as possibilidades do omnicanal e, se esforcem para transformá-la em um playground para o cliente, o declínio é nítido: 10.000 lojas deverão ter fechado as portas até o final de 2017 nos EUA, 50% a mais do que no auge da crise de 2008.

 

Por sua vez, os centros de distribuição tradicionais – gigantescos e afastados do epicentro urbano, assim como os hipermercados de um passado não muito distante – estão perdendo uma parte de seu destaque para mini-hubs urbanos de distribuição. Esses pequenos galpões, com área variando entre 500 e 2000 m², ocupam por vezes o espaço de antigas lojas que foram fechadas, criando o conceito da chamada ‘dark store’.

 

A demanda por esse tipo de estabelecimento – e por áreas para malhas de distribuição no geral – se reforçará consideravelmente nos anos a seguir. Estimativas falam em uma necessidade adicional de 214 milhões de metros quadrados de espaço de armazenagem no mundo para os próximos 20 anos. Esses novos CDs, menores e mais próximos dos centros das cidades, receberão os pedidos de e-commerce e farão a ponte direta com o cliente final.

 

Modais de entrega menos intrusivos ao espaço urbano (como veículos elétricos, utilitários, motocicletas, bicicletas e provavelmente até drones em um futuro próximo) serão um forte requisito para a convivência pacífica desses pequenos armazéns e dark stores com as áreas residenciais da cidade.

 

Mas essa substituição gradual de lojas por mini-CDs nos centros urbanos não faria a cidade perder sua vitalidade? De fato, um quarteirão de armazéns parece bem menos vibrante e convidativo do que uma avenida comercial, com seus consumidores perambulando repletos de sacolas. Contudo, a pujança das cidades não está necessariamente condenada pelo desenvolvimento do e-commerce.

 

Primeiro de tudo, porque uma parte dessa vitalidade do comércio de rua já havia sido perdida para os shoppings centers – mais seguros, por vezes mais cômodos, mas quase sempre totalmente desconectados de seu entorno urbano. No auge da implantação dos centros comerciais, muitas lojas de rua foram gradualmente substituídas por estabelecimentos de serviços – restaurantes, bares, cafés, academias, centros de exposição ou mesmo salões de beleza – que talvez contribuam até mais para uma cidade mais vibrante.

 

Conforme os cidadãos urbanos deixam de possuir um automóvel, voltam a morar em zonas mais densas e fazem mais compras online, serão principalmente os shoppings centers que sofrerão o golpe. Os comércios de serviços em zonas centrais, por sua vez, ficarão mais vivos do que nunca.

 

Segundo, porque nem todas as lojas de rua darão lugar a centros de distribuição. Muitas delas terão sucesso na conversão para centros de experiência ou playgrounds de clientes, oferecendo de fato mais um serviço – o entretenimento e o relacionamento com a marca – do que um produto físico. Outras, principalmente no varejo de moda, sobreviverão proporcionando uma experiência prazerosa a seus clientes e, produtos exclusivos que não estarão disponíveis na Internet – como a Zara, por exemplo. Por fim, boa parte delas continuará dando espaço a novos comércios de serviços, sem efeitos prejudiciais à vitalidade das ruas.

E terceiro, porque nem todos os centros de distribuição virão se instalar no lugar de lojas. Por uma justificável pressão pela redução dos custos de área, os novos CDs darão preferência a locais próximos do epicentro da cidade, mas menos valorizados do que zonas tradicionalmente comerciais. Um exemplo disso nos EUA é um antigo (e degradado) aterro sanitário em New Jersey, não muito longe do rio Hudson e do fervor de Manhattan, que cedeu seu lugar a um moderno centro de distribuição da Prologis.

 

Estacionamentos e instalações industriais abandonadas são outros fortes candidatos à conversão em centros de distribuição e- commerce – na capital paulista, por exemplo, a Vila Leopoldina e a Avenida do Estado contêm uma série de estabelecimentos potenciais e se encontram dentro do centro expandido. E apesar de não oferecerem muitos atrativos para os transeuntes em suas ruas, armazéns mais bem localizados vão estimular seus funcionários a se instalar também em áreas mais centrais, tornando o coração da cidade mais vivo.

 

O poder público poderá igualmente contribuir para que a transformação da cidade pelo crescimento do comércio eletrônico ocorra em benefício de seus habitantes. Incentivos fiscais para centros logísticos urbanos que se empenhem na revitalização de seu entorno e que façam uso de alternativas de transporte sustentáveis são um exemplo de política pública interessante. A regulação e integração dos lockers de retirada de produtos no mobiliário urbano e nos transportes públicos também irá favorecer a interação dos moradores com a cidade.

 

Não há razão estrutural, portanto, para acreditar que o e-commerce sugará a vitalidade dos centros urbanos. Se bem conduzida pelos agentes privados e pelas autoridades municipais, essa transformação poderá fazer das cidades lugares ainda mais enérgicos, densos e habitáveis.

 

Além das outras vantagens que comentamos acima, centros de distribuição integrados ao tecido urbano terão naturalmente como efeito reduzir os prazos de entrega dos produtos para os consumidores e melhorar a confiabilidade dos serviços de e-commerce, reforçando a comodidade de se morar em uma zona urbana. A logística, o comércio eletrônico e a cidade possuem no final um exímio potencial de sinergias – muito em benefício de seus próprios habitantes.

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