Estamos presenciando um cenário completamente atípico na nossa sociedade. O surto do coronavírus impactou tanto o comportamento do consumidor, quanto as políticas de abastecimento do varejo alimentar. Apesar dos estoques normalizados, como informado em nota pela Associação Paulista de Supermercados (APAS), furos de gôndola são perceptíveis por falta de reposição no linear ou por problemas pontuais no abastecimento, como nos casos de produtos de higiene ou do famigerado álcool em gel.
Em casos como esses, a Supply Chain deve ser reativa e reconhecer que os dados históricos não refletem mais o comportamento atual, ou seja, concentrar esforços em previsão da demanda na conjuntura atual será pouco frutífero. Para evitar desabastecimentos, as medidas que devem ser tomadas pelos varejos se baseiam em aumentar a velocidade de reação da cadeia, diminuindo a imprevisibilidade da demanda.
O desafio do varejo, não só em momentos de pandemia, é evitar o sobre-estoque, mitigando a possibilidade de ruptura e consequente perda de vendas. Durante a crise, esse equilíbrio pode ser alcançado por meio de algumas boas práticas, como:
Casos pontuais demandam cuidado
Casos pontuais como o do álcool em gel, alguns produtos de limpeza e o papel higiênico demandam um cuidado especial dos aprovisionadores. Implementar políticas restritivas de venda para estes casos tem tanto um propósito social quanto logístico. No cunho social, permite que mais famílias tenham acesso a produto. E no logístico, permite que a demanda seja um pouco mais previsível e controlada, reduzindo o tamanho do estoque de segurança.
Já o aumento da frequência de abastecimento torna a cadeia mais reativa aos imprevistos. Eventuais picos de venda conseguem ser repostos de forma mais ágil. A análise do trade-off entre o aumento dos custos operacionais e de transporte e a mitigação da ruptura, além do serviço prestado para a sociedade, é essencial neste momento.
Mesmo com as duas medidas acima, o aumento do estoque do alto giro é inevitável, para compensar a variabilidade da demanda diária. Isso, acrescido ao aumento do fluxo de loja e das vendas, resultam em uma provável desordem na retaguarda e fatalmente um aumento no estoque virtual. O monitoramento das vendas e um maior rigor na organização das gôndolas e da retaguarda são maneiras pragmáticas de identificar o estoque virtual.
A situação que estamos enfrentando está longe de ser corriqueira e as medidas para contorná-la estão longe de serem triviais. No entanto, com a frente de contenção da propagação da doença com o distanciamento social e o varejo prestando o bom serviço para sociedade, o cenário atual tem tudo para ser superado.
